sábado, 11 de julho de 2015

A ESCOLA NÃO PODE IMPEDIR A ENTRADA DO ALUNO QUE ESTEJA SEM A FARDA OFICIAL


Resultado de imagem para aluno é obrigado a usar fardamento?

O aluno(a) chega à escola e é impedido de entrar por estar sem o uniforme oficial. O aluno(a) tenta argumentar, porém não obtém sucesso: o funcionário afirma que o uso da farda é obrigatória e está previsto no regulamento interno. O estudante volta para casa e perde um dia de aula.

Situações como essa ainda acontecem em diversas escolas que desconhecem que o direito ao acesso à Educação, previsto no Artigo 208 da Constituição Federal, está acima de leis estaduais e municipais ou normas internas. Qualquer disposição em contrário - mesmo que esteja presente no regimento - é ilegal.

O uso do uniforme pode ser algo desejável e incentivado pela rede de ensino ou pela escola, porém o estudante que não o usa não pode ser impedido de frequentar a sala de aula.

Muitas redes de ensino fornecem camisetas e às vezes até o conjunto completo, com bermuda e casaco. Outras deixam a critério de cada unidade escolar, que, preferencialmente, deve decidir sobre o assunto depois de discutir com a comunidade escolar. Mesmo porque, caso a vestimenta não seja dada pela Secretaria de Educação, os pais ou responsáveis terão de adquiri-la por conta própria. Se houver famílias impossibilitadas de arcar com esse gasto, novamente a não obrigatoriedade encontra respaldo legal: o Artigo 206 da Lei Magna afirma que o ensino no país será ministrado com base na gratuidade e na igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola.

Para o Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA (Lei Federal 8.069/1990), na Subseção IV, Da Adoção:
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
- acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.
Para adotar um uniforme, é importante que os gestores também conheçam a Lei Federal nº 8.907, de 6 de julho de 1994. Essa Lei determina que o modelo não pode ser alterado antes de se completarem cinco anos, tanto em escolas públicas como em privadas.

Art. 1º As escolas públicas e privadas, da rede de ensino do País, que obrigam o uso de uniformes aos seus alunos, não podem alterar o modelo de fardamento antes de transcorridos cinco anos de sua adoção.
Art. 2º Os critérios para a escolha do uniforme escolar levarão em conta as condições econômicas do estudante e de sua família, bem como as condições de clima da localidade em que a escola funciona.
1º- O uniforme a que se refere o caput só poderá conter, como inscrição gravada no tecido, o nome do estabelecimento.
2º- O programa de fardamento escolar limita-se a alunos de turnos letivos diurnos.
Art. 3º O descumprimento ao preceituado no art. 1º desta lei será punido com multas em valor correspondente a no mínimo trezentas Unidades Fiscais de Referência (Ufir) ou índice equivalente que venha a substituí-la.
Parágrafo único. O procedimento administrativo da cobrança de multas observará o disposto no art. 57, e parágrafo, da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.


O Conselho Municipal de Educação-CME discutirá a normatização do uso do uniforme escolar nas escolas públicas e privadas de Ouricuri e solicitará da Secretaria Municipal de Educação adoção de medidas que assegurem o direito do alunado à educação, de modo que o estudante não seja impedido de assistir aula por não estar com a farda oficial, em obediência a legislação supramencionada.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

SOL, UM ALIADO DA SAÚDE

Foto: Getty Images
Expor-se ao sol por, no máximo, 30 minutos pode ser aliado da saúde


Sol, um aliado da saúde

Exposição curta e sem protetor solar deve fazer parte de uma rotina saudável

Chris Bertelli, iG São Paulo

Vitiligo, psoríase, dermatite, depressão e osteoporose. O tratamento de todas essas doenças passa por um remédio rápido, prático, indolor e gratuito: o sol. A exposição aos raios solares por 15 a 30 minutos diários, sem o uso de protetor, controla todas essas enfermidades e ainda melhora a absorção do cálcio no organismo, o sistema imunológico, reduz o risco de câncer e de diabetes tipo 2.
“A exposição deve ser sempre antes das 10h e por um tempo curto – no máximo 30 minutos, dependendo do tipo de pele. Mais do que isso é um fator de irritação”, afirma Marcos Cesar Floriano, dermatologista do Hospital Nossa Senhora de Lourdes, em São Paulo.
Estudos têm comprovado a importância da vitamina D na prevenção de doenças e a relação entre essa substância e o sol está ajudando a mantê-lo como um aliado da saúde. A vitamina é produzida pelo corpo naturalmente depois da exposição aos raios UVB.
Pele nova
Para quem tem psoríase, doença crônica que atinge 2% da população mundial, causando inflamações nas articulações e lesões vermelhas ou descamações na pele, o sol diminui o processo inflamatório e melhora a resposta imunológica. O resultado: as lesões diminuem e, em muitos casos, desaparecem.
A indicação dos médicos é para que a área lesionada seja exposta. Parece fácil, mas não é.
“Mesmo com todos os benefícios, muitos pacientes não aproveitam porque tem vergonha de tornar pública as lesões”, diz José Celio Peixoto Silveira, 51 anos, presidente da União Nacional das Associações dos Portadores de Psoríase do Brasil. O próprio José por muito tempo preferiu enfrentar o calor do Nordeste (ele mora em Pernambuco) de mangas compridas a expor a doença.
“Teve uma época em que eu só ia à praia quando sabia que poucas pessoas estariam por lá. A psoríase não é contagiosa e melhora com o sol, mas mesmo assim era difícil encarar o preconceito”, relata.
Dermatite atópica
O mecanismo de ação do sol sobre a dermatite atópica é semelhante: há redução na inflamação e a pele é renovada. A doença congênita se manifesta principalmente na infância, tem aspecto parecido com um eczema, geralmente concentrado nas dobras do corpo e nas bochechas. A pessoa sente uma coceira intensa e, em geral, esse quadro está associada a bronquite, asma e rinite.
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Não é preciso protetor solar, no entanto, horário deve ser respeitado
Vitiligo
Quem tem a doença não pode abrir mão da terapia com o sol. No entanto, nesses casos é preciso passar medicação antes de se expor. “Além disso, o tempo deve ser menor – no máximo 15 minutos”, alerta Arthur Antonio Duarte, professor de dermatologia da Faculdade de Medicina de Santo Amaro.
Câncer
Uma nova pesquisa publicada na revista “Câncer Epidemiology Biomarkers and Prevention” identificou que a exposição ao sol reduziu substancialmente o risco de câncer de mama em mulheres na pós-menopausa. Os médicos do INSERM, Instituto Nacional de Saúde e de Pesquisa Médica, da França, revisaram diversos estudos realizados com 67 mil mulheres.
De acordo com a pesquisa, mulheres que moravam em lugares ensolarados como a Provence, tinham 50% menos risco de apresentar câncer de mama em comparação com aquelas de regiões mais escuras, como Paris.
E o mais surpreendente: aquelas que ingeriram menos vitamina D, mas se expuseram com mais frequência ao sol, apresentaram chances 32% menor de desenvolver câncer de mama.
Depressão
O sol tem ação antidepressiva. Com a luminosidade, o cérebro reduz ou interrompe a produção de melatonina, substância que provoca relaxamento corporal, cansaço e sonolência e uma das principais causadoras da depressão. Em países com baixa luminosidade, o índice de depressão na população é maior, explicado pela ausência de luz regular.
Osteoporose
O sol está ligado diretamente com a vitamina D, nutriente essencial para o fortalecimento dos ossos. Tomar sol pode ajudar a manter a quantidade de massa óssea e evita o desenvolvimento de ossos ocos, principal característica da doença, que pode surgir mesmo antes mesmo dos 40 anos

Diabetes
A exposição ao sol garante que os níveis de vitamina D no corpo estejam adequados, o que reduz as chances de desenvolvimento de resistência à insulina ou de deficiência deste hormônio no corpo. Muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas nesse âmbito na Ásia, por conta de uma predisposição genética dessa região para o desenvolvimento do diabetes tipo 2.
Cuidados permanecem
O sol que pegamos no dia a dia pode ser suficiente para evitar a carência de vitamina D no organismo. Os médicos alertam, no entanto, que para garantir os benefícios trazidos pelos raios solares, a exposição da pele deve ser feita somente antes das 10h e após às 16h. E sempre pelo tempo determinado – 15 a 30 minutos por dia. Mais do que isso, o protetor continua sendo essencial.
“Ainda falta conscientização da população, não podemos ser radicais. Não pode tomar sol de maneira desmedida, ficar queimado do sol”, recomenda Arthur Dias Duarte.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

AGROECOLOGIA E OS BENEFÍCIOS QUE A NATUREZA PODE TRAZER

O agricultor que preserva as florestas e mantém espécies arbóreas próximas obtém vantagens importantes para a sua lavoura, tais como disponibilidade de água, presença de insetos que polinizam a plantação e de pássaros que controlam pragas e doenças.
Foi o que constatou um estudo da Embrapa realizado durante seis anos junto a agricultores assentados da localidade de São José da Boa Morte, no Município de Cachoeiras de Macacu, interior do Rio de Janeiro.
As vantagens já foram percebidas com o aumento dos ganhos dos produtores que reduziram a quantidade de insumos aplicados, aumentaram a produtividade e ainda puderam ter uma nova renda com a venda de produtos das árvores frutíferas introduzidas na lavoura.
O objetivo da pesquisa era transformar práticas produtivas intensivas, conciliando a produção de alimentos com a conservação da biodiversidade e dos fragmentos florestais.
O trabalho continuado junto a alguns produtores não só adequou práticas agroecológicas à realidade de suas lavouras, como também comprovou a importância de plantar árvores e de preservar as florestas nativas próximas às plantações.
A forma convencional de fazer agricultura durante anos, sem tomar os devidos cuidados, aliada à falta de árvores, transformou as áreas agrícolas em barreiras. Quando próximas aos fragmentos florestais, essas áreas trouxeram algumas consequências para os ambientes naturais.
Um deles foi o fenômeno conhecido como efeito de borda, que provoca redução da quantidade de espécies na parte do fragmento florestal que fica mais próxima à área de plantio e se propaga para o seu interior quanto mais intensivo é o sistema produtivo.
Para os cultivos, as consequências também foram observadas. Os pesquisadores constataram, por exemplo, a diminuição e até o desaparecimento de algumas espécies de vespas nas lavouras distantes de fragmentos de floresta ou cercadas por cultivos com uso intensivo de agrotóxico.

As vespas em geral habitam áreas naturais e frequentam os cultivos, possuindo um papel importante na polinização de diversas espécies vegetais e são de extrema importância para o controle de insetos-pragas.
A pesquisa aponta que foi preciso levantar os impactos daquele manejo sobre o meio ambiente, mostrá-los para a comunidade e explicar sobre os benefícios que aquela floresta poderia lhes trazer. Os pesquisadores mostraram que a relação com a floresta deveria ser uma espécie de uma troca de benefícios.
A pesquisa foi baseada em três pilares: o conhecimento da biodiversidade nativa, relacionando-a com o potencial econômico; o estudo das técnicas já existentes para a inserção de árvores na paisagem, relacionando-as aos interesses dos agricultores; e a adaptação das técnicas à realidade do agricultor que não pode deixar de produzir e obter renda.
A ciência tem conhecimento de que quanto mais inóspitas são as lavouras, menos chance de vida e maior perda de biodiversidade. Mas somente o argumento ambiental não é suficiente para convencer o agricultor. E, por isso, o trabalho dos pesquisadores passou também por um período de aproximação com a comunidade.
Nos três últimos anos de projeto, tendo como base os levantamentos florísticos realizados sobre espécies nativas nos fragmentos e a ajuda e conhecimento dos agricultores, os pesquisadores fizeram um estudo etnobotânico das espécies.
O capim fica mais verde com a sombra das árvores que também abriga os animais, diminuindo a desidratação.
                               
Com a introdução de árvores frutíferas, os agricultores diversificaram a sua renda com a venda das frutas. A possibilidade de comercializar os frutos das espécies nativas é um fator que tem chamado a atenção dos agricultores.
Para a Embrapa, as estratégias escolhidas para introduzir árvores nas propriedades foram bem recebidas porque trabalharam com espécies indicadas a partir do conhecimento tradicional dos produtores.
Os agricultores possuem um valioso conhecimento empírico, o que lhes permite dominar demandas climáticas e de solo dessas espécies nativas, aspectos às vezes desconhecidos pela pesquisa científica.

Os impactos econômicos já são sentidos pelos agricultores, seja com a venda dos novos produtos oriundos dos sistemas agroflorestais ou pela redução dos insumos aplicados em suas lavouras.

A agricultura agroecológica e a construção de uma produção orgânica sustentável só é possível com o auxílio da biodiversidade local e com a conscientização dos agricultores dos benefícios que a natureza pode trazer.