Tenho
um profundo respeito pelas pessoas que gostam do aparelhinho, mas o telefone
celular é certamente um dos grandes males que assolam a humanidade.
Não é
exagero da minha parte, o telefone celular mudou a forma de vida das pessoas. A
comunicação instantânea ao alcance das mãos, o tempo todo e todo o tempo, traz
uma enxurrada de informações humanamente impossível de absorver. Porém, as
pessoas não conseguem enxergar que estão sob forte domínio da máquina, sendo abduzidas
pelo sistema de caos provocado por esta situação.
Já há
diversos estudos científicos acerca do telefone celular que apontam que o seu
uso em excesso provoca doenças físicas e psicológicas, como por exemplo a nomofobia que
é o medo causado pelo desconforto
ou angústia resultante da incapacidade de comunicação através de aparelhos celulares ou computadores.
Independente de qualquer
questão, o mais irritante é o comportamento das pessoas em relação ao telefone
celular. Não gosto de atender o telefone, onde quer que eu esteja. Porque na
cabeça das pessoas, estar com um telefone celular quer dizer que você quer ser
encontrado 24 horas do seu dia. E nem sempre é assim. Pelo menos pra mim.
Estar
com um celular não me faz disponível em todo momento. Algumas vezes eu preciso
me resguardar ao direito de não lhe atender, seja por educação às pessoas que
estão conversando comigo, seja por terminar um trabalho que estou engajado e
que talvez lhe atender vá tirar minha atenção ou, simplesmente, porque eu não
quero te atender neste momento.
Quando
decidi banir o celular da minha vida, tive que dar muitas explicações para
muita gente. As pessoas receberam com enorme surpresa essa decisão. Mas não foi
de uma hora para outra, levou um tempo, mas foi uma decisão muito fácil e
acertada, finalmente agora tenho paz.
Durante
o processo de banimento do telefone do meu dia a dia tive que ser duro,
descortês, ríspido e até mal educado com algumas pessoas. Peço desculpas!
Quanta
incompreensão, não reconhecem o meu direito de não ter celular? Trata-se de uma
escolha individual e soberana minha. Exijo respeito a minha privacidade.
Quando
tinha celular eu não atendia uma ligação se não tivesse aquele número na
agenda. Muitas das vezes me complicava porque era alguém que eu queria falar,
mas estava ligando de algum número desconhecido.
Não
gosto de atender uma ligação de alguém que eu não queira falar naquele momento.
Se eu atender, quem estiver por perto vai ouvir o diálogo e se me afastar vão
fazer diversas conjecturas.
Eu
não gosto de atender uma ligação em horários inconvenientes, porque você passa
a ter um problema que antes não tinha. Sua vida está em uma escala de 0
problemas. A partir do momento que atende a ligação, você passa a contar 1
problema. Ninguém te liga pra te dar uma boa notícia, então porque eu deveria
me preocupar tanto em atender o telefone?
Se
você precisa mesmo falar comigo e eu não tenho telefone, acho melhor procurar
outra forma de se comunicar. Tenho certeza que um tuite, um e-mail ou uma
mensagem no Facebook vai ter muito mais efeito do que uma ligação.
Poucas
pessoas notam, mas existe algo de claramente opressivo num telefone tocando.
Primeiro pela ideia de urgência e dever que ele traz (você não pode deixar o
telefone esperando), depois pela postura claramente invasiva de qualquer tipo
de ligação (é alguém fazendo contato sem aviso, sem hora marcada, sem combinar
previamente o assunto, e quase sempre em momentos inconveniente. Ou seja, o
telefone, é algo que exige de você uma resposta imediata.
Além de tentar controlar
a sua vida e o seu senso de prioridades, o telefone também abusa no que tange a
necessidade de concentração, exigindo um grau de atenção ininterrupta que
absolutamente nenhuma outra ferramenta de comunicação te pede. Se não prestar
atenção na ligação acaba perdendo alguma parte da conversa, gerando algum tipo
de confusão ou concordando com alguma coisa sem perceber.
Durante
a ligação há ausência de expressões faciais e outros sinais ou indicadores, algo que durante um
contato pessoal ficaria claro por toda aquela linguagem corporal, que vai desde
o olhar malicioso até o sorriso maroto, passando por outras ações, mas que num
contato telefônico acabam ficando perdidos.
A questão é que muitos me perguntam se tenho Instagram ou
Whatsapp, minha resposta porém é imediata: -Não tenho, pois não gosto de
celular, tenho um apenas, muito antigo que uso só para desbloquear a conta do
e-mail, ver as horas, usar como calendário ou calculadora.
E o espanto vem à tona e não é para menos, num mundo virtual
e tecnológico onde o celular é o meio mais rápido de comunicação, e eu não ter,
é estranho, mas tenho meus motivos.
Estamos numa era em que é mais fácil você "encarar"
a pessoa virtualmente do que pessoalmente. Falta este contato físico e o medo
faz com que as pessoas prefiram o contato por meios eletrônicos. Não é pra mim,
gosto de olhar nos olhos de quem fala comigo.
Eu trato o celular como um mal do egoísmo, isolamento e
depressivo. Gosto do calor humano, de uma boa conversa. Estamos sendo
substituídos por máquinas e inversão de valores, lógico que a tecnologia veio
para facilitar a nossa vida, mas não faça disso prioridade, vá curtir a natureza,
os amigos e familiares.
Isso sim é vida boa!